O JUIZ DOS ABRAÇOS

Lee Shapiro é um juiz aposentado. É também uma das pessoas mais genuinamente amorosas que conhecemos. A certa altura de sua carreira, Lee percebeu que o amor é o maior poder que existe. Consequentemente, Lee se transformou no homem dos “abraços”. Começou a oferecer a todo mundo um abraço. Seus colegas o apelidaram de “o juiz dos abraços” (em oposição a “juiz dos enforcamentos”, supomos). O adesivo do seu carro diz: “Não me bata! Abrace-me!”
Há cerce de seis anos, Lee criou o que ele chama de “kit-abraço”. Do lado de fora lê-se: “Um coração por um abraço”. Dentro, há trinta coraçõezinhos vermelhos bordados com alfinetes atrás. Lee sai com seu kit-abraço, encontra as pessoas e oferece-lhes um coraçãozinho em troca de um abraço.
Lee tornou-se tão conhecido por isso que frequentemente é convidado para apresentar conferências e convenções, onde compartilha sua mensagem de amor incondicional.
Um dia, Nancy Johnston, amiga de Lee, bateu em sua porta. Nancy é palhaço profissional e estava usando sua fantasia, maquiagem e tudo o mais.
– Lee, pegue um punhado de seus kits-abraço e vamos a um lar de deficientes.
Quando chegaram ao lar, começaram a distribuir chapéus com balões, corações e abraços aos pacientes. Lee sentia-se desconfortável. Nunca havia abraçado pacientes terminais, pessoas gravemente retardadas ou quadriplégicas. Foi definitivamente um esforço. Mas, depois de certo tempo, ficou mais fácil, e Nancy e Lee conquistaram uma comitiva de médicos, enfermeiros e serventes que os seguiram de ala em ala.
Depois de algumas horas, eles entraram na última ala. Eram os 34 piores casos que Lee jamais vira em sua vida. O sentimento era tão cruel que partiu seu coração. Mas, cumprindo seu compromisso de compartilhar seu amor com os outros, Nancy e Lee começaram a passear pela sala, seguidos pela comitiva de médicos que, a essa altura, já traziam corações nos colarinhos e chapéus feitos de balões na cabeça.
Finalmente, Lee chegou à ultima pessoa, Leonard. Leonard usava um enorme babador branco sobre o qual babava. Lee olhou para Leonard, que babava, e disse:
– Vamos embora, Nancy, não há como encarar esse aqui.
Nancy replicou:
– Vamos lá, Lee. Ele também é um ser humano, não é?
Então, ela colocou-lhe um engraçado chapéu de balões na cabeça. Lee pegou um de seus coraçõezinhos vermelhos e prendeu-o no babador de Leonard. Respirou fundo, inclinou-se e o abraçou.
De repente, Leonard começou a gritar:
– Eeeeeh! Eeeeeh!
Alguns dos outros pacientes na sala começaram a bater coisas. Lee voltou-se para a equipe esperando alguma explicação e apenas viu que todos os médicos, enfermeiros e serventes estavam chorando. Lee perguntou à enfermeira chefe:
– O que é que há?
Ele nunca poderá esquecer o que ela disse:
– Esta é a primeira vez em 23 anos que vemos Leonard sorrir.
Como é simples ser importante na vida dos outros.

às