SE VOCÊ ME AMA, ME DIGA!

Jerry não se esqueceu daquele dia de inverno em que nevava e seu filho mais velho quase sofreu um acidente sério. Jeff mal tinha um ano de carteira e isso deixava Jerry nervoso toda vez que o rapaz saía de carro. A proximidade com o desastre aumentou sua ansiedade.
Um dia, logo depois do quase acidente, Jeff disse ao pai que ia a uma festa e voltaria tarde.
– Dirija com cuidado! – Jerry advertiu.
Jeff virou-se para o pai com um olhar de tristeza e perguntou:
– Por que você sempre diz isso?
– Digo o quê?
– “Dirija com cuidado.” É como se você não confiasse em mim dirigindo.
– Não, filho, não é nada disso – Jerry explicou. – É só uma maneira de dizer “Eu te amo”.
– Olhe, papai, se você quer dizer que me ama, diga isso! Se não, posso confundir a mensagem.
– Mas… – Jerry hesitou. – E se seus amigos estiverem com você? Se eu disser “Eu te amo”, você pode ficar sem graça.
– Nesse caso, papai, quando estiver se despedindo, basta colocar sua mão perto do coração e eu vou fazer a mesma coisa –Jeff sugeriu.
Jerry entendeu que seu filho, tanto quanto ele, queria expressar seu amor.
– Estamos combinados – ele disse.
Alguns dias depois, Jeff estava pronto para sair de novo, dessa vez com um amigo.
– Papai, pode me emprestar o carro? – ele pediu.
– Claro – Jerry respondeu. – Aonde você vai?
– Ao centro da cidade.
Jerry lhe deu as chaves.
– Jeff, divirta-se – disse o pai, colocando discretamente a mão perto do coração.
Jeff fez a mesma coisa.
– Claro, papai.
Jerry piscou. E Jeff, chegando perto do pai, falou baixinho:
– Piscar não faz parte do nosso trato.
Jerry ficou meio surpreso.
– Tudo bem, papai, até mais tarde – Jeff disse enquanto se dirigia à porta. Antes de sair, ele se virou – e piscou.

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