O Brasil enfrenta a maior seca já vista na sua história recente, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável por subsidiar as ações de enfrentamento de crises climáticas. Pela primeira vez, a estiagem afeta o país de forma generalizada, por toda a sua extensão, com exceção do Rio Grande do Sul. As previsões indicam que a situação não deve melhorar até novembro.
A seca está isolando cidades no Norte, devido ao baixo nível dos rios, provocando incêndios em várias regiões e levando à ativação de termoelétricas para garantir o abastecimento de energia. A severidade da seca é resultado de uma combinação de fatores climáticos. O fenômeno El Niño, que aquece o Oceano Pacífico, alterou os padrões de chuva e elevou as temperaturas, principalmente no Norte. Bloqueios atmosféricos também impediram o avanço de frentes frias, prolongando a estiagem. Além disso, o aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte tem contribuído para a persistência da seca.
E a escassez de chuvas está impactando diretamente a produção de alimentos no Brasil, o que pode resultar em um aumento significativo nos preços da carne bovina, do feijão e da laranja. Os efeitos acumulados refletem na agropecuária brasileira. Segundo levantamento do Cemaden, a seca em curso já dura 12 meses, sendo a pior dos últimos 44 anos, afetando principalmente pequenos produtores que não possuem sistemas de irrigação.