Nem sempre o verão traz o sol que todos esperamos para um dia de praia, cachoeira ou piscina. Mas, nem tudo está perdido. Há sempre uma programação que pode ser feita com a família.
Em Niterói, a Fortaleza de Santa Cruz é um desses passeios que surpreendem. A construção, imponente, fica no bairro de Jurujuba. Juntamente com outras duas fortalezas, a de São João e a do Forte Tamandaré da Laje, formou nas épocas da colônia e do império a principal estrutura defensiva da boca da barra da Baía de Guanabara.
Em setembro do ano passado, essas construções do complexo de Santa Cruz, e as praias de Fora e do Imbuhy, foram tombadas pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil.
A visitação à Fortaleza de Santa Cruz acontece de terça a domingo, das 9h às 16h. As visitas guiadas ocorrem a cada hora. A entrada inteira custa R$ 10; estudantes, idosos, militares e familiares de militares pagam R$ 5. Grupos maiores devem agendar a visitação pelo telefone: (21) 99633-2721.
A Fortaleza de Santa Cruz tem mais de sete mil metros quadrados. A pedra de fundação data de 1555. A muralha foi construída com pedras cortadas e assentadas à mão. Um primor da engenharia da época.
Do local se tem uma das vistas mais bonitas do Oceano Atlântico e da entrada da Baía de Guanabara, por onde passam todas as embarcações que chegam ao porto do Rio de Janeiro.
Também fica nela o ponto mais próximo entre Niterói e o Rio. E, de quebra, uma imagem panorâmica privilegiada do Pão de Açúcar.
Durante o passeio pelos diversos pavimentos da construção, é possível observar o acervo da artilharia, antigos canhões posicionados como eram no passado. Sempre a postos para derrubar qualquer embarcação considerada inimiga.
Essa caminhada por cinco séculos de história é momento para apreciar a beleza da construção e a impressionante arquitetura, que conta com janelas estrategicamente posicionadas para o trabalho de monitoramento do mar; e dos corredores de pedra, onde a temperatura é controlada naturalmente.
A Fortaleza de Santa Cruz está sob a responsabilidade do Exército Brasileiro. Atualmente, é a sede da Artilharia Divisionária da Primeira Divisão da força. Na edificação está a maior coleção de canhões do tipo WithWorth do mundo. Essas armas de guerra foram construídas em aço nos séculos XVIII, XIX e XX. O paiol de guerra também surpreende pela grandiosidade: são 52 peças.
O primeiro tiro desses canhões foi disparado em 1599 contra um navio holandês. O último foi feito em 1955 contra o cruzador Almirante Tamandaré.
A visita guiada, conduzida pelos militares, revela segredos e curiosidades. A construção é o sítio de ocupação contínua mais antigo das Américas. É a maior fortaleza do Brasil e considerada uma das dez maravilhas da arquitetura militar do mundo. Demais, não é não?!
Conhece a expressão: “um olho no padre e outro na missa?” Foi na fortaleza de Santa Cruz que ela surgiu. Quando celebrava a missa para as sentinelas, o padre ficava de olho, por uma janela na lateral do altar, da entrada da Baía de Guanabara. Quando chegava um navio, de supostos inimigos, os militares tinham que voltar rapidamente para seus postos.
Chegar de carro é fácil. A atração fica na Estrada General Eurico Gaspar Dutra, sem número, no bairro de Jurujuba. Quem sair do Rio ou da Baixada, também pode fazer a travessia entre a capital fluminense e o Centro de Niterói de barca. A passagem custa R$ 7,70. Depois, basta pegar o ônibus da linha 33. São mais R$ 5,15.
Para comer, a dica é aproveitar os diversos restaurantes que estão na orla de Jurujuba. A maior parte do cardápio é de pratos à base de frutos do mar, fresquinhos, fornecidos pela comunidade pesqueira artesanal do bairro. É um ciclo econômico importante, que movimenta o turismo, a geração de empregos e promove renda para as famílias locais.
Esse é um passeio de um dia! Com hora para sair de casa, mas sem a preocupação de voltar, porque o pôr-do-sol no calçadão de Jurujuba é um convite irrecusável. O gasto disso tudo, em média, fica em torno de R$ 150, por pessoa.
Conhecer a Fortaleza de Santa Cruz é certeza de se conectar com essa parte da história do Brasil, e se surpreender com o valor arqueológico, etnográfico e paisagístico do espaço, que vai muito além da beleza única das pedras colocadas umas sobre as outras.