NOTÍCIAS / ESPORTE

Luto no futebol: Zagallo morre aos 92 anos

Zagallo estava internado desde o dia 26 de dezembro e morreu aos 92 anos. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Rio de Janeiro – Único quatro vezes campeão da Copa do Mundo e um dos maiores nomes do futebol na história do país, Mário Jorge Lobo Zagallo morreu aos 92 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família através das redes sociais, no início da madrugada deste sábado (06).

O multicampeão estava internado desde 26 de dezembro e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. O velório e sepultamento do corpo serão no domingo (07), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, às 16h. O público poderá se despedir da lenda brasileira das 9h30 na sede da CBF, na Barra da Tijuca, Zona Oeste.

O Velho Lobo deixa seis filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Paulo Jorge de Castro Zagallo, Mário César Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo. Sua esposa, Alcina de Castro, com quem foi casado por 57 anos, morreu em 2012.

Nascido em Atalaia, Alagoas, em 9 de agosto de 1931, Zagallo se eternizou como uma das maiores lendas do esporte nacional. Ele foi tetracampeão da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira — duas como jogador (1958 e 1962), uma como técnico (1970) e outra como coordenador técnico (1994). Em 1958 e 1962, conquistou o bi como ponta-esquerda. Anos depois, em 1970, comandou como técnico aquela que para muitos é a melhor seleção de todos os tempos em busca do tricampeonato.

Como jogador de futebol, Zagallo começou a carreira como juvenil do América-RJ, em 1948, antes de se transferir para o Flamengo em 1950, ainda nas divisões de base. Naquele ano, servindo ao Exército, esteve presente na final da Copa, no Maracanã, e viu a derrota do Brasil para o Uruguai, por 2 a 1. Já como jogador profissional, foi tricampeão do Campeonato Carioca pelo Flamengo entre 1953 e 1955. Ponta esquerdo habilidoso e moderno para o seu tempo, não apenas atacava, mas também defendia, o que foi determinante para ser convocado em 1958 e conquistar seu primeiro título de Copa do Mundo. A partir de então, começou uma história de identificação e amor pela amarelinha.

Mas antes, o Velho Lobo ainda tinha uma carreira como jogador a seguir. Ele transferiu-se para o Botafogo em 1958, onde viveu o momento mais importante da carreira, quando atuou ao lado de Nilton Santos, Garrincha e Didi. Foi bicampeão carioca em 1961 e 1962, do Rio-São Paulo de 1962 e 1964, e retornou à Seleção ao lado desses mesmos companheiros para levar o bicampeonato da Copa, em 1962.

Zagallo se aposentou como jogador em 1964, já dando início a outra carreira vitoriosa como técnico. A primeira oportunidade foi no comando do time juvenil do Botafogo e, posteriormente assumiu o time principal, comandando nomes como Gerson, Jairzinho, Paulo Cézar Caju. Conquistou a Taça Brasil de 1968, além do bicampeonato carioca. Veio a grande chance de comandar a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, ao substituir João Saldanha em 1969. Apesar das muitas dúvidas quanto ao seu trabalho, Zagallo conseguiu um grande feito, que foi unir no mesmo time Gerson, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Pelé.

Além de conquistar o tricampeonato da Copa do Mundo, comandou um time que encantou todo o planeta e ficaria marcado para sempre na história do futebol. De quebra, o treinador se tornou o primeiro nome do futebol a conquistar o Mundial como jogador e técnico.

Além do Botafogo, Zagallo passou pelos outros grandes clubes do Rio: Flamengo, Vasco e Fluminense, e também dirigiu América e o Bangu. Pelo Rubro-Negro, ficou marcado com a conquista do tricampeonato do Carioca, em 2001, com o gol do título na falta cobrada por Petkovic.

Antes disso, conquistaria o quarto título de Copa do Mundo, desta vez como coordenador técnico, auxiliando Carlos Alberto Parreira em 1994, nos Estados Unidos. Ele ainda esteve muito perto de ser pentacampeão, ao levar a seleção brasileira à final de 1998, quando perdeu para a França por 3 a 0. Ele ainda voltaria a fazer dupla com Parreira na Copa do Mundo de 2006, novamente como coordenador, na campanha até as quartas de final.

No ano anterior ao vice mundial na França, Zagallo eternizou uma das frases mais marcantes da história do futebol brasileiro. Ao ser campeão da Copa América sobre a Argentina em 1997, o então técnico da seleção brasileira muito criticado, desabafou: “Vocês vão ter que me engolir“, gritou Zagallo, após a vitória por 3 a 1 sobre a Bolívia, na decisão realizada em La Paz.

O claro recado aos críticos da Seleção Brasileira, contudo, não foi a única marca do ídolo. A principal delas é o número 13. Em diversas ocasiões, Zagallo reforçou a adoração pelo número. Em 2004, por exemplo, comemorou após o título do Brasil sobre a Argentina na Copa América. “Brasil campeão tem 13 letras, e Argentina vice também”.

A morte de Zagallo, repercutiu entre atletas, autoridades, times de futebol e outros setores da sociedade brasileira. O Velho Lobo recebeu homenagens da CBF; de Gianni Infantino, presidente da Fifa; André Fufuca, ministro do Esporte, da Conmebol; do Time Brasil, de vários clubes do Brasil e da Espanha.

 

 

Leia também

às